sexta-feira, 24 de junho de 2016

Güy Manuel


É criação absolutamente portuguesa a excelente capa relativa ao 7º aniversário de "O Papagaio", da autoria do talentoso Güy Manuel, já em final da malograda e meteórica carreira.

Leonardo de Sá, 24/03/2016

Tintin visto por Sérgio e pelo irmão na revista «O Papagaio» (António Dias de Deus):

#190; 1 Dezembro 1938; Intervenção do egiptólogo dos «Cigarros do Faraó» na «História do Egipto; Sérgio Luiz

#224; 27 Julho 1939; Intervenção na BD «Aventuras do Boneco Rebelde; Tintim; Sérgio Luiz

#237; 26 Outubro 1939; Banda Título; Tintim e Milou; Guy Manuel

#244; 14 Dezembro 1939; Página dos leitores; Tintim e Milou; Sérgio Luiz

#251; 1 Fevereiro 1940; Capa; Tintim, Milou e os Dupond(t); Sérgio Luiz - Página dos Leitores; #366; 16 Abril 1942; Capa; Tintim e Milou; Guy Manuel

saber mais sobre os autores:

https://digitarq.adlra.arquivos.pt/details?id=1070935

O Papagaio - incluindo lista dos desenhadores portugueses com desenhos alusivos ao universo de Tim-Tim.

https://tintinofilo.weebly.com/o-papagaio.html

(...) julgo que convinha sobretudo não repetir ou transmitir a falsa ideia (que se encontra noutros sítios) de que o Abel Varzim alguma vez teria frequentado ou conhecido o próprio Georges Remi, ou sequer se correspondia com ele. Claro que não foi esse o caso e isso está patente logo na primeira carta que lhe endereçou para se apresentar, um escasso mês apenas depois do começo da publicação d’O Papagaio, para explicar o que era a novel revista católica infantil e solicitar os direitos de reprodução da série, de preferência a preço reduzido, epístolas e detalhes que conhecemos graças à reprodução pelo holandês Jan Aarnout Boer em “De Avonturen van Kuifje in Portugal” (apesar da oposição dos herdeiros, viúva alegre e segundo marido…). Enfim, alguns exemplos de textos portugueses equivocados no que diz respeito ao assunto:

http://www.dn.pt/artes/livros/interior/o-padre-abel-varzim-o-papagaio-e-as-cores–1672822.html

http://www.rtp.pt/noticias/cultura/tertulia-na-amadora-celebra-os-85-anos-de-tintin-personagem-de-banda-desenhada_n719913

Na realidade, Abel Varzim conheceu quando estudante em Louvain apenas a “obra”, ou seja as próprias histórias do Tintin, através da versão original no Petit Vingtième, de que era assinante (nem menciona os primeiros álbuns da Casterman, porque claramente não os conhecia). E jamais se encontrou com o desenhador nem se correspondia de todo com ele, mas graças àquele contacto por carta — chamemos-lhe profissional — tivemos o Tintin em primazia em Portugal e ainda por cima em quadricromia! Já agora, antes da estreia nacional da própria história que menciona, no Tim-Tim na América do Norte no nº 53, a primeira menção ocorreu n’O papagaio num anúncio na separata do nº 49 e depois na capa do nº 51 da revista infantil O Papagaio, ligada à revista católica Renascença e não, como indica, à emissora Rádio Renascença que ainda nem sequer existia quando do aparecimento da publicação em 1935 — note que as emissões de rádio d’O Papagaio começaram por isso mesmo na Emissora Nacional. 

https://ogatoalfarrabista.wordpress.com/2016/03/09/como-tintin-aprendeu-a-falar-portugues/

sábado, 11 de junho de 2016

Figuras de Tintin #9: Serafim Lampião com a pasta

O famoso vendedor de seguros da Mondass, Serafim Lampião, é a figura escolhida para a nona entrega desta colecção distribuída pela Altaya.

A estreia desta personagem ocorre no episódio "O Caso Girassol", com Serafim a refugiar-se em Moulinsart de uma violenta tempestade. Dois dias mais tarde, Lampião está de volta a Moulinsart para propor a Haddock uma panóplia de seguros. Em "Carvão no Porão", organiza uma prova automobilística nos jardins do palácio do capitão. Volta a aparecer nas aventuras "As jóias de Castafiore", "Voo 714 para Sidney" e "Tintin e os Pícaros".

A miniatura em resina é retirada da prancha 42, vinheta C3 do episódio "As jóias de Castafiore".

Figuras de Tintin #9: Serafim Lampião com a pasta, Figura+Livro+Passaporte, Altaya, 12,99€


domingo, 5 de junho de 2016

Hergé: um monárquico convicto


Muitos conhecem Georges Remi somente pelo génio da escrita e do desenho, que lançou ao Mundo a 10 de Janeiro de 1929, Tintim, o herói que o catapultou para o sucesso sem precedentes. Mas o que talvez não saibam é da sua luta e lealdade pelo Rei da Bélgica, Leopoldo III, e acima de tudo pela Monarquia.
Nunca se conheceu o paradeiro do verdadeiro avô de Hergé, o que o fez fantasiar por algum tempo poder tratar-se do próprio Leopoldo II, pois era famoso por ter vários filhos ilegítimos. Quando a sua prima Marie Louise lhe perguntava quem era o avô, ele desviava a conversa, mas por fim respondeu-lhe: “Não te digo quem era o nosso avô porque isso podia subir-te à cabeça”.
Desde o lançamento do primeiro volume de As Aventuras de Tintim, que os Príncipes Balduíno e Alberto recebiam cópias de luxuosa encadernação de todas as obras.
Logo a 14 de Outubro de 1936 o Rei Leopoldo III anunciava que em caso de guerra a Bélgica deveria manter-se neutra, pois se fosse invadida de novo “a luta devastaria o país de uma forma tal que a guerra de 1914-1918 não passaria de um pálido reflexo”. As suas palavras estavam certas, mas o destino foi inevitável. Hergé concorda com a tomada de decisão do Rei, apesar de haver algum descontentamento na opinião pública.
No ano de 1939 é publicado O Ceptro de Ottokar, livro que exalta a Monarquia Constitucional, onde o herói salva o Monarca da Sildávia de uma conspiração com o objectivo de implantar uma república ditatorial. As parecenças do Muskar II, soberano fictício da Sildávia, com o Rei Leopoldo III são visíveis. Esta era a forma de Georges mostrar a sua lealdade com a Casa Real belga, apesar de todas as adversidades.
Quando a II Guerra Mundial estala os quatro principais ministros belgas decidem abandonar o país e partirem para França. Leopoldo III por seu turno não abandona a Bélgica, dizendo que o seu lugar era ao lado do povo. Neste momento era ele que dirigia pessoalmente as operações militares. A 28 de Maio de 1940 o Rei rende-se a Hitler para evitar massacres, ficariam imortais as suas palavras “Não vos abandono no infortúnio que nos atormenta e comprometo-me a velar pelo vosso destino e pelo das vossas famílias. Amanhã começamos a trabalhar com a firme vontade de levantar a pátria das ruínas”. Hergé declararia mais tarde “Penso que nunca existiu nenhum testemunho que me abalasse a minha convicção inicial. (…) O rei teve razão”.
Durante este período Hergé carece de bens de primeira necessidade, por esta razão pede a Adolfo Simões Muller, director do jornal português O Papagaio, seu parceiro desde 1936, que enviasse comida para si e para o seu irmão Paul, que se encontrava prisioneiro na Alemanha. E assim o fez, enviando inúmeras iguarias, café e tabaco. Portugal foi o primeiro país a traduzir e a colorir As Aventuras de Tintim. Curiosamente Adolfo Simões Muller compartilha o mesmo apelido de um dos eternos rivais de Tintim.
Georges só viria a conhecer Leopoldo III em 1948, quando este se encontrava em Prégny, na Suíça. O Rei convida-o para almoçar e recorda com saudade todos os álbuns que lhe foram enviados ao longo de quase duas décadas. A partir desse momento estabeleceu-se uma amizade.


Francisco Teles da Gama

sábado, 4 de junho de 2016

Figuras de Tintin #8 - Nestor com a bandeja

A oitava entrega desta colecção da Altaya é Nestor, o mordomo do Capitão Haddock. O fiel, sóbrio e abnegado serviçal do capitão estreou-se nas aventuras de Tintin no episódio O segredo do Licorne, na altura mordomo dos criminosos irmãos Pardal. Estávamos em 1942, a Bélgica ocupada pelos alemães, com o Tintin a ser publicado a preto e branco no jornal Le Soir.

A imagem que deu origem à estatueta é a vinheta C1 da prancha 4 de As 7 bolas de cristal.

Figuras de Tintin #8: Nestor com bandeja, Altaya, Estatueta+Livro+Passaporte